Celeste Malpique, Raquel Q. Lima, Dulce Soeiro, Luísa Confraria
Objectivos: Verificar se a puberdade adiantada é um factor de risco psiquiátrico para a depressão e perturbações do comportamento alimentar analisando as seguintes variáveis: reacção da menina com puberdade adiantada à menarca e às transformações corporais, desvios do índice de massa corporal, tipo de relação mãe-filha, qualidade do apoio paterno e estrutura familiar. Metodologia: Estudo analítico de uma amostra de 46 adolescentes do sexo feminino com idades ≥11 e ≤16 anos que apresentaram uma puberdade adiantada (menarca entre os 8 e os 11 anos), através da utilização do Inventário de Depressão para Crianças, da Escala de Auto-conceito para Crianças, do Teste de Machover e de uma entrevista semi-estruturada com a mãe; comparação de 37 destas meninas com 11-14 anos com uma amostra clínica de 31 meninas com 10-14 anos, escolhidas aleatoriamente quanto à idade da menarca. Resultados e Conclusões: As adolescentes com puberdade adiantada são mais vulneráveis à sintomatologia depressiva (p=0,001), tendem a apresentar um baixo auto-conceito (p=0,021) com uma percepção mais negativa acerca do seu comportamento (p=0,003), estatuto intelectual (p=0,052), aparência física (p=0,010) e desenvolvimento físico se comparado com o dos pares (p=0,009). A maioria destas adolescentes apresenta uma má aceitação da menarca (56,5%), o que se correlaciona com as mães superprotectoras e dominadoras (p=0,006), cuja aceitação da menarca das filhas é igualmente má (p=0,013). As adolescentes das famílias em que o pai está presente expressam com maior frequência (p=0,006) o sentimento de ter um desenvolvimento físico semelhante aos pares. Não foi encontrada correlação entre os desvios do índice de massa corporal (IMC) e a imagem corporal.